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Introdução
A Luxação Recidivante do Ombro ou “Instabilidade do Ombro” significa que a articulação do ombro é muito “solta” e é capaz de se deslocar/soltar com relativa facilidade. Se não for tratada, a instabilidade pode levar a artrose da articulação do ombro.
Anatomia
O ombro é formado por três ossos: a omoplata, o úmero e a clavícula.
A coifa dos rotadores é formada pelos tendões de quatro músculos: o supra-espinhoso, o infra-espinhoso, o subescapular e o pequeno redondo. A coifa dos rotadores tem como função elevar e rodar o braço, mantendo o úmero firmemente preso à omoplata.
A parte da omoplata que articula com o úmero designa-se por glenóide. A glenóide é uma superfície pequena e muito plana. Um anel de tecido mole, o denominado labrum, circunda o bordo da glenóide, fazendo com que o encaixe com a cabeça do úmero seja maior (como uma ventosa).
As luxações (ombros deslocados) surgem quando uma força supera a força dos músculos da coifa dos rotadores e os ligamentos do ombro. A esmagadora maioria das luxações são luxações anteriores.
Quando a cabeça se desloca mas não perde por completo o contacto com a glenóide e, em seguida, retorna à sua posição normal, trata-se de uma sub-luxação.
Causa
A instabilidade do ombro resulta muitas vezes num episódio traumático de luxação anterior do ombro. A articulação após o episódio de luxação deve ser de imediato reduzida (colocada no sítio). O ombro pode parecer voltar ao normal, mas a articulação muitas vezes permanece instável. Os ligamentos que sustentam o ombro na glenóide, juntamente com o labrum, podem ter-se esticado ou rasgado. Isto torna-os demasiado frouxos para manter o ombro no encaixe, quando este se move. O doente posteriormente pode apresentar episódios repetidos de luxação, mesmo durante as atividades normais.
Em alguns casos, a instabilidade do ombro pode acontecer sem nenhum episódio traumático de luxação. Por característica genética os ligamentos estabilizadores são mais elásticos que o comum. Permitindo aos doentes voluntariamente e com alguma facilidade deslocar/luxar o ombro ou mesmo outras articulações.
Sintomas
A cabeça do úmero pode mover-se (sub-luxação) em determinadas posições, e o doente pode realmente sentir o ombro “solto”. Esta situação provoca uma sensação rápida de dor, como se algo estivesse “desengatado” dentro do ombro. Com o tempo o doente tende a reconhecer e a evitar os movimentos do braço em que esta situação ocorre, limitando o movimento normal do ombro.
O ombro pode tornar-se tão “solto” que começa a luxar com frequência. O que por si só, será um verdadeiro problema, especialmente se o doente não conseguir auto-reduzir o ombro, tendo que se dirigir a um hospital para o fazer. A luxação por norma é muito dolorosa e o ombro aparece visualmente anormal. Quaisquer movimentos do ombro tendem a causar dor extrema.
Diagnóstico
O médico assistente irá diagnosticar a instabilidade do ombro principalmente através do histórico médico e do exame físico. O diagnóstico de lesões associadas é suportado pela realização de Raio-x e eventualmente Ressonância Magnética Nuclear (RMN).
Tratamento
Não-cirúrgico
Após o primeiro episódio de luxação traumática do ombro, o tratamento passa inicialmente pela imobilização do membro e pela administração de analgésicos e anti-inflamatórios. Mais tarde, poderá necessitar de tratamento fisiátrico para diminuir a dor, melhorar a mobilidade articular e fortalecer os músculos do ombro. O tempo de tratamento é incerto, embora a maioria dos pacientes seja capaz de voltar às suas actividades com pleno uso de seu braço.
Nas situações crónicas o tratamento não-cirúrgico tem muito baixas taxas de sucesso.
Cirúrgico
Se o programa de reabilitação não for eficaz, o doente pode precisar de cirurgia. Existem
diferentes técnicas cirúrgicas para estabilizar o ombro. Uma das técnicas mais frequentes para a estabilização do ombro é a reparação de Bankart. A operação de Bankart envolve reparar e reinserir os ligamentos estabilizadores na sua posição original. Por norma este procedimento é realizado por artroscopia.
Outra das técnicas mais utilizadas é a operação de Bristow-Latarjet. Que através de uma incisão na parte da frente do ombro transpondo um tendão e fixando-o com parafusos à omoplata se reforça os ligamentos que estão “soltos”.
A reabilitação após a cirurgia de estabilização do ombro é um processo lento. Inicialmente os exercícios começam por ser passivos. Durante exercícios passivos, o ombro operado é movido, mas os músculos ficam relaxados. Estes exercícios trabalham os músculos sem sobrecarregar os tecidos em cicatrização. Posteriormente exercícios para ganho de amplitude de movimentos, sendo os exercícios de fortalecimento muscular os últimos a ser executados.
O retorno à actividade desportiva/actividade de vida diária sem restrições acontece, normalmente, por volta dos 3 meses após cirurgia.
É de esperar um ombro estável, indolor e com discreta ou nenhuma diminuição da amplitude de movimentos.